quinta-feira, 17 de abril de 2014

Do diário íntimo de Parker & Barrow

Rematou o temporal
e abriu o céu para
mostrar nuvens brancas.
As raiolas lambem eroticamente
as montanhas
e uma bandada de pegas furiosas
assalta um banco.
Decidem fuzila-las por rebeldes,
mas não podem.
Desobediência civil.

Beija-me, meu amor, nesta tarde solhada
um blues substitui os cantos de reis
e a impunidade fica freada.
Ainda podemos sentir asas nos pés
mentres posamos para fotografias da ficha policial.
a vingança também nos corresponde
em nós reside a soberania.

Temos o direito a sermos ressarcidos:
a beber em cuncas douradas
e provar o mel portuário
como barcos que sonham
com navegar até o sol-pôr,
e deixarem-se cair pela beira do mundo,
longe de monstros marinhos,
onde Jules Verne escreve versos passados
e futuros, dentro dum foguete
e, com as beições do capitão Nemo,
ir além da lua.


rosanegra e Alexandre Insua (Impostura de fumador)

Sem comentários:

Enviar um comentário