quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Um dia tive um pesadelo,

aparecia na minha frente uma grande e única ave preta, era como uma montanha e cuspia lume pelo pico. Os olhos vermelhos infundiam Terror. Estava devorando uma presa humana, comia-lhe as vísceras e ainda respirava. Da sua anatomia animal saiam como uns braços agachados, um sustinha um livro e o outro um maço. Então ao ver-me começou a produzir sons terroríficos, agudos e arcaicos. Queria falar, mas perdera o dom da palavra. Os ruídos sísmicos do seu abdome fizeram que a terra baixo os meus pés começa-se a abrir. Nesse horrível Momento acordei e o monstro... que foi dele?.



(A terrível situação atual e real que nos oprime) 
rosanegra 

domingo, 18 de setembro de 2016

A máscara do fascismo



Abre-se o pano vermelho da vida
e o poder sorri entre cruzes de pedra.

O Monte do Castro não é nada
sem a sua grisácea verdade, IN MEMORIAM
Não, não é a Cruz do Castro, é a morte.

Aparece logo a imagem dum barco
e pensamos na Gente do Mar
nos que morreram, nos que morrem
e nos que morrerão.
Não, não é um barco numa rotunda
é a máscara, a careta autoritarista,
a soberbia, o egoísmo...
A Torre de Babel querendo tocar o céu.

E o Farão, onde está o farão?!
Fim do primeiro ato,
a obra magistral deve continuar

Hora pro nobis
entre rios de injustiça!.

rosanegra

grisácea(es), agrisada (gal), grisalho(pt)
autoritarista(invent),autoritária(pt)




sábado, 2 de maio de 2015

Arte


As cores da vida, nos lenços refletidas
com paisagens reais e a viveza soalheira
característica da água, da terra, do ar...
entre as asas da mente, brilhantes estrelas
que adormecem na base e ressaltam
impetuosas, pelas veredas do pincel
rebuscamos, procurando sensações
nos quadros inspirados
nas imagens cheiradas
que abrangem as pupilas
e topamos, grandes pedaços prolongados
dumas mãos que fazem formas pictóricas
num mundo de plásticas que se criam
a si próprias...
sonhamos, na alvorada dum amanhecer
enquadrado pela essência dum criador
e dum sentimento que estoura
para em Arte nascer.   

Poema publicado no livro Silêncio da Gaveta

sábado, 18 de abril de 2015

Medram fieitos no meu coração


e sabem a cor dourada e seca
murcham as minhas mãos
sem tocar a tua pele,
sim, a tua pele é um plano
a percorrer, é um desejo
é a prolongação do meu
instinto fero.


Nascem funchos e fentos
no meu coração
evocando os teus lábios
estimulando-me com a droga
que emana da matéria gris.


Sim, a tua pele também é sinónimo
de prazer...

Poema próprio publicado no livro Silêncio da Gaveta.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Na anoitecida,


Estouro em 300.000 partículas que sabem a açúcar
e atravesso a tua pupila num orgasmo redondo, circular e branco...

Acovilho o teu tesouro com a ansiedade dum prazer infinito e mudo
que me enche com a plenitude da lua cheia
e como com voracidade duma fome que feroz te engole
como um pão, vivo e gigante...

Beijo os astros do teus olhos e mordo o falo
que nos sustém na boca do tempo
Tomamo-nos, perdidos nos nossos fluidos
e rompemos pedaços dos hemisférios
que criamos para sonhar.
Sentimo-nos, cada músculo é um som
uma tecla
que tocamos na paixão desmesurada
devorando-nos e morrendo
para renascer como animais posuídos
pelo celo...

(O coito é a essência que nos unifica)


Para a INSUA que inspira estes versos...


Poema publicado em Elipse número 5 de Círculo Edições